Há poucos dias, reunimos alguns dos membros do clã “Mini-Mundo” para uma confraternização etílica. Foi um momento raro de pessoas que, certamente, tem um carinho grande entre si e compartilharam, num remoto passado, crenças comuns.
O nome “Mini Mundo” foi proposto por um dos maiores membros do clã (certamente não em estatura), mas pegou de imediato. Presentes e contados, havia aproximadamente 10 membros (alguns optaram por assistir ao jogo dos framengo no maraca e assim nos abandonaram).
Qual não foi minha surpresa ao observar o Mr M que - tendo chegado 1 hora atrasado, suado, fedendo e tudo mais que tem direito - antes mesmo do primeiro chopps (como diria a paulicéia desvairada), começou a relatar fatos cotidianos de seu relacionamento profissional com os superiores hierárquicos da empresa onde trabalha. Dizia ele (tomando seu primeiro chopp):
Pô maluco tem noção? Você chega pra dar uma idéia no cara e compartilhar uma parada, pra pedir ajuda mesmo, aí você diz: “Se liga: tô com um pepino” e o cara já manda de volta:
- Então, eu tô aqui com 10 pepinos que tão me tirando o sono!”
Vamos guardar essa valorizada para comentário futuro...
E Mr M toma seu 4º chopp.
Muito cansado da malhação de onde vinha, resolve abdicar dos sapatos que calçava e fica descalço no bar onde bebíamos.
A essa altura lá se vai o 10º chopp e, mais relaxado, ele resolve descansar os pés sobre a mesa do bar.
Diria o Leo Batista: “Ah Mr M!”
De volta à questão valorizatória que ficou em suspenso para que eu pudesse encerrar a narrativa quanto ao exemplar comportamento do Mr M.
Que beleza de chefe esse: se alguém da equipe dele tem um problema, em lugar de ajudar ele manda o cara se danar por que ele tem outros 10! Isso é Lógico, 10 > 1 então SFA você que só tem 1 problema.
Será que, até hoje, essas pessoas não entenderam que a prioridade maior de quem coordena uma equipe é resolver os problemas que a equipe lhe traz? Todo o resto pode e deve esperar. Se não for assim, o que vai acontecer, no curto prazo, é que você será um chefe sem equipe.
É disso que falam livros como O Monge e o Executivo e Como Ser Um Líder Servidor. De dar prioridade a aqueles que te cercam em detrimento de si mesmo. Na verdade, essa é a base do trabalho em equipe. Você ajuda o outro a fazer o dele por que sabe que ele vai te ajudar a fazer o seu e assim o todo anda.
O fato é que esse chefe (o rei dos 10 pepinos) é assim. Por isso ele é o Rei do 10 pepinos, pq ele sempre tem um monte de pepinos para resolver e os seus são irrelevantes perto dos dele.
Minha leitura, para pessoas que tem esse tipo de comportamento de forma recorrente, é que eles fazem isso por que não conseguem acreditar que a pessoa está, de fato, pedindo ajuda. Preferem acreditar que o pedido de ajuda é uma forma de valorização para postergar prazos ou coisas do gênero e se é para valorizar, então que ele valorize mais, por que assim obriga o outro a resolver o problema. IDHIOTA!
Encerro aqui com uma frase de efeito que me foi passada no espectro retenção de talentos e que por si só é motivo de um post inteiro sobre retenção de pessoal:
“Se você soubesse o que eu sei, você não ia!”