sexta-feira, setembro 19, 2008

Insurgência Hierárquica

Gerentes e Líderes, mais um ‘causo’ para ser contado...

Outro dia um amigo me perguntou sobre insurgência hierárquica, eu fiquei chocado mas aos poucos a coisa foi sendo explicada.

O amigo em questão - vamos chamá-lo de Sujeito K - ocupa um cargo de confiança na empresa em que trabalha (em paulistês: trampa). Confiança do tipo entre ele e o presidente há um diretor, mas seu acesso ao presidente é livre. Acontece que o tal diretor anda se metendo na gestão do Sujeito K em sua equipe e seus cronogramas.

Mas ele é o chefe, ele pode fazer isso! – Você diria. Pode o cacete! Se fosse pro diretor lidar com o chão de fábrica, não tinha o gerente no meio, alôuô!

Pausa para o intervalo: Insurgência Hierárquica é algo abominável em quase todas as circunstâncias e mesmo naquelas em que é aceitável deve ser feito como último recurso, OK?

O ponto da história é que o Sr Diretor estava deixando de fazer o que deveria para se meter no trabalho do Sujeito K e o resultado é que em lugar de 2 resultados a empresa está tendo 0. O Sr Diretor não faz o trabalho que lhe cabe e atrapalha o Sujeito K a fazer o seu, perfeito!

O drama do Sujeito K é exatamente esse, como fazer com que seu superior hierárquico pare de se meter onde não deve e vá fazer o que tem pra ser feito?

Minha primeira reação foi: Chama o cara pra um chopp e conversa na boa com ele explica que ele está atrapalhando mais do que ajudando, embora você seja grato pela ajuda (valoriza um pouco pra ele ficar feliz).

Sujeito K relata que já fez isso, e nada mudou e diz mais, o relacionamento entre ele o Sr Diretor não é muito bom. “A gente se tolera” foi o que ele me disse. Isso piora tudo.

Se o papo informal não funcionou, tem que rolar um papo profissional um cara a cara para limpar os pratos e tirar os esqueletos do armário. Marcar uma reunião com o Sr Diretor e expor a ele o quão ruim está sendo o envolvimento direto dele no chão de fábrica. Questioná-lo sobre a razão pela qual ele está fazendo isso, pode ser simplesmente por que ele não vai com a cara do Sujeito K, vai saber! Numa conversa dessas é importante você tentar se preparar, descobrir quais os modelos mentais da outra pessoa, o que ele quer/espera, qual o melhor caminho para apresentar-lhe a idéia.

Repare que até agora eu não mexi com a hierarquia, estamos tentando resolver “na boa”. Se mesmo depois de mostrar os esqueletos a coisa não melhorar, é a hora de Insurgir-se, eu não sei mais o que fazer nessa situação.

Nem toda insurgência é um motim, que isso fique claro, nesse caso, não se trata de tirar o Sr Diretor e assumir seu cargo, mas de colocar o Sr Diretor no lugar certo e tirar ele do chão de fábrica (que não é lugar de diretor). Mas como fazê-lo?

Bom, eu nunca fiz esse tipo de coisa. Mas se eu estivesse na pele do Sujeito K o que eu faria:

  1. Chamaria o Presidente para um papo e explicaria para ele o que está acontecendo e tudo que já foi feito para tentar resolver sem acioná-lo
  2. Ouviria do Presidente sua sugestão para resolver o problema

Uma das possibilidades é Presidente dizer: “Deixe que eu vou ter um papo com o Sr Diretor pra resolver isso.”, nesse caso a relação do Sujeito K com o Sr Diretor (que já não era boa) pode ir pro saco. Eu tentaria estar junto com o Presidente na hora do papo, para não parecer que eu estava armando pelas costas do Sr Diretor e ter a oportunidade de dizer pra ele quantas vezes eu tentei resolver direto com ele, sem envolver terceiros.