segunda-feira, janeiro 29, 2007

Confúcio...

Segundo Confúcio a única coisa que devemos temer é o medo em si e nada mais.

Esse ensinamento ocorreu-me ao final do ano passado (2006) quando eu lia diversas publicações sobre as metas e o cumprimento do planejamento de empresas e empreendedores. Nessa ocasião questionei-me sobre o fracasso e consequentemente, o MEDO.

O medo é o pai da ansiedade e da paralisia. É ele quem nos faz sentir os pés pesados e o ânimo abatido. Mas é ele também quem nos controla e faz pensar antes de tomarmos algumas atitudes. Quanto maior a responsabilidade da pessoa, maior seu refreio frente ao medo. É comum ouvir que empreendedor é aquela pessoa cuja coragem para inovar e arriscar não tem limites. Na minha opinião, esse é o idiota!

O empreendedor é a pessoa capaz de lidar com o próprio medo, domá-lo e canalizá-lo para benefício próprio. Empreendedor não dá um passo sem saber que o chão a frente é firme, ou ao menos sem ter algum indicador de que há chão à frente.

Empreendedores de sucesso tomam decisões que impactam dezenas ou centenas de famílias (empregos diretos). Só os irresponsáveis deixam de pensar no “e se der errado?”.

Já falamos sobre isso algumas vezes, estamos todos no mercado visando o lucro. Quem mora alugado quer comprar casa própria, quem está noivo quer casar e quem já casou quer filho (ou amante, varia de caso a caso). Não conheço empreendedor que saia por aí jogando dinheiro fora sem querer algo em troca, você conhece? Responsabilidade social tem retorno positivo para a imagem da empresa frente a comunidade e ainda é dedutível do IR.

O Medo é também um dos muitos pais da valorização, é ele quem nos faz vender dificuldade para a realização de tarefas (medo de não conseguir fazer). É ele quem nos faz alardear a virada de noite (medo de não ser reconhecido). É ele que nos faz executar coisas que não gostamos ou a aceitar situações que contradizem promessas que nos foram feitas (medo de perder o emprego).

Pense um pouco nas ocasiões em que você, voluntariamente ou não, fez uso da valorização. Vá a fundo e veja se o que te motivou, lá na raiz, não foi o medo de alguma coisa ou da reação de alguém. Lembre-se que a valorização é frequente no meio corporativo, mas há splashes em nossa vida pessoal em que ela aparece.

Que tal experimentar domar seus medos? Enfrentá-los de peito aberto e convertê-lo em algo produtivo pró-vida?

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Maturidade e Profissionalismo

Maturidade e Profissionalismo, por muito que pareçam, não são a mesma coisa e tão pouco desenvolvem-se em conjunto de forma estrita.

Maturidade eu acredito, tem muito a ver com o desenvolvimento pessoal, a experiência de vida - e claro que a vida profissional ajuda - e a personalidade de cada pessoa. Profissionalismo faz parte da maturidade da pessoa, mas ao contrário do que se prega no mundo corporativo atualmente, profissionalismo não é sinônimo de maturidade. É possível encontrarmos pessoas muito maduras que são maus profissionais e vice-versa.

O profissional é aquele que executa suas tarefas com corretude e qualidade, atende a prazos e demonstra postura correta no ambiente de trabalho. Entretanto, uma pessoa cheia de profissionalismo, pode ser bastante imatura e não saber lidar, por exemplo, com críticas ou conflitos. Em geral ele tem reações emocionais beirando a raiva (cuidado eles podem ser violentos!) e tendem a evolver-se calorosamente em debates infrutíferos. Ah sim, não confundir imaturidade com um ímpeto de raiva gerado por frustrações ou problemas pessoais (lembre-se do último post, negócios são pessoais).

Deixe-me dar o exemplo de um colega.

Há algum tempo ele me escreveu um e-mail reclamando, efusivamente, do que eu havia escrito sobre ele aqui no blog (mesmo eu não tendo citado seu nome! Vocês sabem que eu cuido de preservar a identidade de meus colaboradores involuntários, não é?!?) e estendeu sua reclamação ao post de natal que deixei... Quem reclama de uma mensagem de Natal?

Detalhe, o post (não o de Natal, mas o outro) tratou de ações e falas realizadas e proferidas por que foram utilizadas com o intuito de exemplificar algo que, de fato, acontece com frequência no teatro corporativo.

Uma amiga, que tem se mostrado uma fã enrustida do blog, relembrou-me de uma afirmação bastante válida: O mundo corporativo é um teatro onde cada um de nós representa seu papel da melhor forma possível.

Pensem um pouco sobre consultores, vendedores, gerentes de conta e tantos outros cargos...

A personificação que se apresenta no "horário comercial" pode ser completamente disjunta da pessoa que vive o mundo real. Alias, é para isso que esse blog existe, para retratar o ridículo do comportamento humano no ambiente corporativo, não pretendo encerrar a teatralidade corporativa©, isso seria um esforço demasiado para um estudioso da valorização como eu :-).

O que faço (ou pretendo fazer), não é muito diferente daquilo que faz Scott Adams com as tiras do Dilbert que eu não canso de usar como referência.

Aproveitando, fica mais uma de presente:
Dilbert Rules

Entendam esse blog como um indicador de coisas que fazemos (é, eu também faço) e que estão erradas (ou pelo menos deveriam ser feitas com menos freqüência). E tomem essas indicações como guias de auto-reflexão para seu próprio amadurecimento.

Amadureçamos, tragamos para o mundo corporativo o que há de bom em nossos "eus" reais e deixemos a teatralidade (símbolo de profissionalismo) para os atores de verdade.

Ops, por que será que aqueles que performam ações, na UML, são chamados de atores?

quinta-feira, janeiro 11, 2007

The Wall Street Journal (WSJ)

Parece piada, mas eu nunca fui fã do WSJ até que, recentemente, resolvi adicioná-lo aos meus feeds. Já de cara gostei de um artigo que trata das ferramentas de comunicação moderna. O autor valoriza a incrível capacidade que Genghis Khan teve de governar metade do mundo conhecido usando apenas bandeiras e homens a cavalo. E questiona como as empresa globalizadas, com todas essas ferramentas de comunicação modernas, conseguem fazer um trabalho tão porco?

>

Ele discorre sobre o assunto do mal uso das ferramentas de comunicação e de como nós não nos dedicamos a realmente aprender a utilizá-las acreditando que alguém, lá de TI, vai saber usar para nos ensinar. Só que lá em TI a turma que “sabe usar” espera que você siga os mandamentos do amigo KreK, RTFM! Alguns gerentes, ainda, acreditam que contratando pessoas novas (jovens) eles terão mais facilidade no uso dessas ferramentas, afinal, “essa geração nasceu on-line”.

O seguinte ponto foi levantado: se e-mails trafegam pelo “ar” a velocidade da luz e nossos cérebros e dedos não conseguem trabalhar em velocidade semelhante (nem de perto, diga-se de passagem!), como dar conta de eventos que passam a ser medidos em milisegundos? Como saber se você deve responder aquela mensagem que acabou de receber? Vai que após apertar o SEND, alguma coisa que muda tudo acontece e você fica com cara de idiota?!

Então o amigo autor postula algumas sugestões de como utilizar as ferramentas de comunicação moderna que, prontamente, recordaram-me um e-mail que recebi há tempos como regras claras da boa utilização do e-mail (quem deve estar no campo To:, no Cc:, como preencher o Subject: entre tantas outras dicas), vejamos as sugestões do amigo autor:

  1. O fato de que você PODE responder uma mensagens em segundos, não quer dizer que você DEVA;
  2. Se você insiste que a pessoa deve estar disponível 24x7 para lhe atender, rapidamente você começará a receber respostas mal humoradas, principalmente aquelas enviadas remotamente do saguão do aeroporto;
  3. Quanto mais impessoal for o meio de comunicação, mais importantes são os detalhes de humanidade que devemos importe a ele. E isso não acontece por acaso, precisa ser pensado!
  4. Nada – ainda mais se criado pelo Homem – deixou de ser utilizado para o mal da mesma forma que foi utilizado para o bem, fique atento!

A pergunta final do texto, é óbvio que eu só peguei as partes mais baratas para tratar aqui, e que foi aquela que me “conquistou”: PRA QUE NOS DERAM O CAPS LOCK SE NÃO DEVEMOS UTILIZÁ-LA AO DESTACAR UM PONTO?

O autor descorreu profundamente sobre o impacto da "impersonalização" da comunicação com o uso do e-mail e instant messaging e reforça que pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que o contato pessoal (por telefone ou em reuniões) torna as negociações menos áridas e o BATNA mais fácil de ser atingido.

Um complemento meu ao artigo do WSJ:

Senhores gerentes e líderes, lembrem-se que fazer negócios é uma questão pessoal. Você depende do bom humor, da motivação e da dedicação das pessoas que compõem sua equipe para atingir as metas e ganhar dinheiro (não é disso que você está atrás?).

Colaboradores infelizes (e eu não estou falando só de ambiente de trabalho e salário) não se dedicam plenamente a suas tarefas, não ficam motivados com os desafios. Não é falta de vontade ou má gestão/liderança, o cara simplesmente está com problemas em casa e não consegue pensar em outra coisa.

Gerentes controlem seus ímpetos de fúria, um ataque de raiva ou frustração vindo do nível hierárquico superior, na verdade de qualquer nível, atrapalha ainda mais o trabalho da turma e, com isso, sua raiva ou frustração vai aumentar, o efeito negativo do próximo ataque será ainda mais destrutivo e lá vamos nós ladeira abaixo.

Por que eu estou falando isso, por que não adianta nada dar um berro dizendo que está uma M.... que é falta de profissionalismo, que precisa ter mais atenção ao que se faz, etc e etc e 30 min. depois enviar um e-mail ou chamara a equipe para uma reunião de damage control.

Alias, reuniões de damage control em geral são pura valorização.

Uma boa política que deixo como sugestão é: “Em lugar de controlar os estragos, que tal não estragar as coisas?

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Happy Hour

Para encerrar a seqüência de atitudes valorizatórias de fim de ano, falemos brevemente dos eventos dos diversos eventos que são realizadas para reunir clientes e parceiros e festejar as realizações do ano que se encerra. Basicamente, são eventos para valorizar a relação com os clientes, os parceiros e o ano que está se encerrando.

No ímpeto de manter contato com alguns amigos, atendi a um happy hour de fim de ano de uma empresa, ao qual não fui convidado (manja penetra?). No evento, encontrei com pessoas com as quais não falava há mais de ano (isso não pode acontecer!) e conheci pessoas que, espero, tornem-se amigos daqui por diante.

O Happy Hour foi, digamos, uma vitrine de valorizações. O evento começara por volta de 20h30min e pouco depois das 22 levanta-se o primeiro valorizador e, com a formalidade que lhe é devida, alardeia: "Senhores, boa noite, vejo vocês no trabalho amanhã." Inicialmente, como a figura estava acompanhado de sua namorada, pensamos com nossos botões (alguns comentaram em voz alta até): "É, ele tem coisa melhor a fazer do que ficar aqui com esse monte de macho bêbado...".

Foi então que um dos bebuns ali presentes, fez a pergunta mortal: "Ué, mas já vai?"

Para perguntas com essa, há sempre uma resposta valorizatória e outra simplese direta. Ele poderia ter respondido: "É, vou sim, nos vemos amanhã." ou qualquer coisa parecida com isso.

Pausa para respirar... Muita calma nessa hora! Bola levantada na linha de 3 metros, atacante vem do fundo para cortar e...

"É, tenho que trabalhar ainda!"

Naquele momento eu, já bêbado, pois bebia com o amigo Funny desde as 19h, vi a luz! Fora um momento de valorização gratuita e, obviamente, desnecessária. Fiquei sóbrio!

Olhei para o amigo e leitor deste blog que estava a minha frente e disse: "Ele vai por blog!", acho que ele não acreditou em mim e aqui estamos, vamos analisar essa valorizada clássica.

O Contexto

Estávamos todos juntos em um ambiente de bar, acho que ninguém falava de coisa séria. Afinal, avistamos uma morena que já havia tirado o fôlego de quase todos na mesa e a aposta para quem chegaria nela ainda não tinha vencedor (e daí que o namorado a acompanhava, 100 dólares pagam os curativos, não paga?). Todos na mesa conheciam-se, a maioria trabalhava junto ou era cliente da empresa que promovia o evento, ou seja, estávamos todos em casa.

A Valorizada

Não vou nem duvidar que o cara realmente tivesse trabalho a fazer – isso seria muito deselegante da minha parte – entretanto, ao alardear que estava se ausentando para ir trabalhar, a mensagem que ficou foi algo como: "Estão vendo como eu sou dedicado e esforçado?", tanto pior, pois o gerente da figura estava à mesa conosco e, foi o primeiro a dar-lhe uma zoada.

No final das contas decobri que o "trabalho" em questão era fazer social com o diretor cuja festa de aniversário era naquela noite, mas mesmo assim...