segunda-feira, junho 11, 2007

Qualidade de Vida 2

Eu não gosto muito de ficar rendendo discussão, mas como o Morais fez, exatamente o comentário que eu esperava dele (e de mais alguns que se abstiveram) no outro post, resolvi dar seqüência.

Eu não sou maluco de dizer que alguém deva ganhar pouco pelo trabalho que faz, menos ainda que deva abdicar do princípio básico de mais-valia, base da economia de mercado em que estamos imersos.

Mas a questão está justamente na questão de ‘até onde vai a mais-valia’. Veja só, um dos critérios de classificação de desenvolvimento de países, a diferença entre a concentração de Ricos e Pobres no país. Se a cultura geral do mundo capitalista preconiza o acúmulo de dinheiro bens, seria correto imaginar que essa diferença fosse pouco relevante.

Mas é justamente o que a reportagem que citei no post anterior mostra, está evidente que a busca constante por acúmulo de riqueza não é mais a tônica dominante no mundo. As pessoas entenderam (ou estão entendendo) que o dinheiro como fim não agrega valor. O modelo de acumulo a la Tio Patinhas não se presta e a valoração feita para os “chopp com os amigos” foi no sentido de obter resposta a seguinte pergunta: “Quanto, da sua vida, você está disposto a sacrificar para acumular riqueza?”

Conheço uma pessoa, um empresário de sucesso, sua empresa fatura regularmente cifras que alguns desejam para daqui a 5 ou 10 anos. Que tal a qualidade de vida dessa pessoa? Quantas horas de trabalho por dia? Quantos dias por semana?

Pois é, a cultura do acumulo de riqueza cria um ciclo vicioso nas pessoas, elas imergem tão fortemente na busca pelo capital, centram suas vidas exclusivamente nisso que quando levantam a cabeça para olhar em volta, o que se vê é solidão.

É o que a reportagem falava, às vezes é melhor ficar um degrau antes do final da escada e ainda ter amigos para tomar um chopp na sexta-feira do que chegar ao final da escada e ficar sozinho.

Mais uma vez, não estou falando contra a sociedade de mercado, entendo-a como saudável no sentido em que a concorrência impõe um ritmo de inovação e revolução constante. Mas o que aquela reportagem criticava, na medida em que mostrava uma tendência comportamental, é a busca constante e desmedida pelo acumulo.

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