sexta-feira, abril 18, 2008

BURRO-cracia

Tenho me questionado sobre as razões da criação da burocracia, vejo as pessoas falando que a burocracia existe por necessidade de controle e mapeamento de processos, mas isso não me convence. Não vou nem olhar para a burocracia que havia nos tempos da máquina de escrever, só de pensar na montanha de papéis e pastas necessárias para manter o controle de um projeto eu entro em depressão (odeio papel!).

O que eu quero entender ou pelo menos escrever sobre é a BURRO-cracia digital. Estamos numa época onde velocidade e conhecimento são tidos como o cerne do sucesso.

A era das telecomunicações, da comunicação instantânea e global, do compartilhamento do conhecimento, da colaboração e da criatividade, da inteligência emocional, do ócio criativo e do just-in-time! Como é possível, em uma sociedade 24x7, se pensar em entraves BURRO-cráticos? Como pode uma organização aceitar a existência de algo em seu fluxo produtivo que, simplesmente, vai de encontro ao básico do conceito moderno de produção?

Ainda pior, como pode uma empresa nascente, uma start-up, exigir a implantação de mecanismos como esses? Entendo que não é possível gerir a anarquia, é preciso ter controle e controle impinge algum tipo de burocracia, estou falando de relatórios e aprovações. Mas como tudo na vida há de haver parcimônia, ou você não sabia que overdose mata?

A BURRO-cracia tem que ser eliminada, no meu entendimento, quando ela começa a interferir em coisas como o processo de atendimento a cliente, a qualidade do ambiente de trabalho e coisa do gênero. Na questão do atendimento a cliente, foi criado um mecanismo simples que resolve os problemas de aprovação de verbas (a grande reclamação dos comerciais de quase todas as empresas), já ouviram falar em Verba de Representação?

Pois é, trata-se de uma quantidade de dinheiro que cada gerente de atendimento (nome chique pra vendedor) tem direito de gastar em um mês sem aprovação prévia, basta apenas prestar contas ao final do mês. Lógico tem que haver regras para usar essa grana, não pode sair por aí pagando almoço pra qualquer um ou dando presente pra recepcionista do prédio onde o cliente tem escritório... O mesmo vale para despesas de escritórios e tudo mais.

Mas voltemos a BURRO-cracia, eu penso que ela foi criada como instrumento de defesa. Defesa da incompetência, defesa do chefe incompetente, defesa!

Pense comigo, se o cara é incompetente, inútil mesmo, mas por uma razão ou por outra chegou a um posto de liderança, qual a melhor forma de ele justificar sua permanência ali? Criando processos que são centralizados por ele, processos que “precisam” de sua aprovação, ele cria a BURRO-cracia para proteger o emprego que tem, não há preocupação com resultado prático para a organização. O foco é no indivíduo e não no todo.

Basta ver quem são as pessoas dentro da organização que reclamam insistentemente da quantidade de formulários, aprovações e assinaturas que precisam ser obtidas para compra um rolo de papel higiênico ou um par de lápis. É muito provável que essas sejam as pessoas que olham o todo, que querem gerar resultado para a empresa.

Em resumo, o BURRO-crata gosta de atenção porque é assim que ele respalda seu emprego. Ele blinda os que estão abaixo dele de acessar os níveis superiores da hierarquia, cria processos, aprovações e relatórios que justifiquem sua posição e mais ainda, que lhe dêem motivos para falar com seus chefes e “mostrar serviço” (a.k.a. valorizar). Mas lembre-se, o BURRO-crata antes de tudo e mais nada é BURRO!

Tô errado?

2 comentários:

Unknown disse...

Apoiado!

Rafael Justino disse...

que o Senhor no guarde de cairmos nós também na burro-cracia...