segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Maturidade

Resolvi voltar ao tema da maturidade depois que um bom amigo me chamou para desabafar sua frustração ao ser pego de surpresa pelo pedido de demissão de um dos membros da sua equipe. Durante a conversa esse amigo, um bom gerente até onde me consta, disse que promovia encontros regulares com as pessoas de sua equipe, que joga limpo com elas e que pede para serem sinceras ao falarem de sua satisfação/insatisfação face a sua situação na empresa.

A revolta dele é compreensível, há um sentimento de frustração muito grande no gerente que é surpreendido por uma notícia de desligamento de um funcionário. É um sentimento muito próximo ao do término de um relacionamento sem a percepção de que as coisas estão indo mal.

Tentei fazer o meu papel, ouvi-lo e acalmá-lo, as vezes isso basta. Mas a conversa me lembrou que as vezes nos esquecemos que, além da satisfação pessoal com o trabalho ou emprego atual, há o objetivo de vida.

É comum, que os objetivos de vida mudem conforme crescemos e conforme o ambiente a nossa volta muda. As vezes a satisfação com o status quo não é sinônimo de estarmos em linha com os objetivos de vida, de estamos perseguindo nosso desejo maior.

Talvez esse tenha sido o caso pelo qual meu amigo passou, não sei. Será que a satisfação reportada pelo rapaz era verdadeira ou era apenas uma satisfação do tipo “Dentro daquilo que me cerca, sim estou satisfeito.”.

Sinceridade em uma reunião gerente-gerenciado passa, obrigatoriamente, por um filtro de valorização. De um lado o gerente não quer criar insatisfação nem quer gerar conforto com o gerenciado. De outro, o rapaz teme transparecer seus sentimentos reais e com isso criar indisposição com o gerente e por seu emprego em risco.

O que aconteceria, se um de seus gerenciados olhasse pra você e disse com total franqueza que está trabalhando com você até que apareça coisa melhor? Que está participando de alguns processos seletivos e que quando for aprovado em um deles, vai dar uma banana para você? Como gerente, o que você faria?

Repare, o funcionário teria sido sincero como você desejava e agora você está na situação de ter um funcionário “perdido” sem saber quando ele vai deixar sua equipe, pode ser amanhã, pode ser daqui a 2 meses. Admita você espera, mesmo que inconscientemente, que o funcionário filtre (valorize!) o que vai lhe dizer.

Dos gerentes que eu conheço, acho que todos pediriam ao funcionário que determinasse sua data de saída e preparariam a sua substituição.

Note que o medo do funcionário se concretizou, ele foi “demitido”, perdeu o ganha pão e ainda não tem destino certo.

Cansei de ouvir recomendações do tipo: “Não troque um passarinho na mão por dois voando”, todo mundo ouve isso desde criança! Foi o que o rapaz fez, ele ficou com um pássaro na mão enquanto tentava pegar o outro, quando pegou, ele escolheu qual deles manter e qual soltar.

Não vou discutir aqui a forma da saída do emprego, mas há duas formas de se fazer isso. Na primeira o cara avisa que está saindo e que já não volta mais, por isso ele paga o aviso prévio. Na segunda, ele informa que quer sair e diz até quando pode ficar aparar arestas e não deixar as bolas caírem. Qual das duas a pessoa vai escolher, depende de fatores como:

  • Quando ele começa no novo emprego;
  • Qual o comprometimento ele tem com a equipe e a empresa (isso é recíproco);
  • Quão bom é (ou está) o ambiente de trabalho.
  • A maturidade do sujeito para saber que ao sair, é bom deixar a porta aberta

De resto, espero apenas que o rapaz tenha sucesso em seu novo emprego, que o gerente (meu amigo) lembre-se que a valorização é um fato. Que o nosso comportamento profissional é regido por ela, infelizmente.

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